Aprendi o quão valioso é termos uma atividade onde nos podemos abstrair do nosso stress e onde podemos exprimir e direcionar as nossas emoções.

Comecei a tocar violino com 7 anos de idade. No início, tocar um instrumento musical era apenas um hobbie. No entanto, durante os meus anos formativos, esta habilidade foi-se tornando cada vez mais importante na minha vida, tanto que continuei a tocar durante mais uma década, até aos 17 anos.

Durante os primeiros anos de aprendizagem, acho que o que mais marcou o meu percurso foi o desenvolvimento de perseverança. Sempre fui uma criança esforçada e dedicada  às minhas responsabilidades - como os estudos. De modo a arrecadar com uma extracurricular que requeria um esforço mental da minha parte, tive de aprender a coordenar os meus horários para conseguir encontrar tempo para treinar e aperfeiçoar a minha técnica. Nesse aspecto, aprendi logo na minha infância algo que provou ser valioso para o resto da minha vida: a capacidade de gestão de tempo.

À medida que cresci, criar tempo para ter aulas de violino e praticar  foi essencial. Estes intervalos funcionavam como uma escapadela dos estudos, e como uma maneira para descontrair e abstrair a minha mente,  especialmente nos anos em que completava o International Baccalaureate, um programa que requer muito em termos de tempo e que me deixava com horários bastante apertados.

Para além de me ajudar a aperfeiçoar e aprender uma série de aptidões pessoais, a prática de tocar um instrumento também me capacitou socialmente. Tendo tocado em recitais e feito parte de orquestras na escola e também na academia de música que frequentava, tive muitas vezes de tocar com outras pessoas. Esta interação refletiu diretamente nas minhas habilidades de trabalhar em equipa, visto que  o conceito da orquestra é que todos toquem em sintonia - como se fossemos um. Esta extracurricular também quis dizer que tinha toda uma rede social para além da escola e do meu círculo religioso ou cultural. Conheci pessoas muito diferentes, de todas as idades, que provavelmente não teria tido a oportunidade de conhecer se não fosse pelo violino.

Em termos de aprendizagem também, aprender a tocar qualquer instrumento requer que sejamos capazes de ler música. Ainda que sobrevalorizada, acho que esta aptidão é quase como saber uma terceira língua. Por ser bastante meticulosa de se ler, esta capacidade de interpretar pautas musicais ajudou-me, em termos de aprendizagem, a apurar a minha capacidade de concentração.

Acima de tudo, sinto que o violino me proporcionou ótimas oportunidades de auto-desenvolvimento, não só em termos sociais e de trabalho em equipa, mas também em termos académicos. Ajudou-me a descobrir como melhor gerir o meu tempo, a nunca desistir, e desenvolveu as minhas habilidades de concentração e memória. Por último, o que sinto que foi mesmo a maior benção originada desta atividade foi uma escapadela aos estudos, e acima de tudo, uma maneira de lidar com o stress -  especialmente nos últimos anos do secundário. Aprendi o quão valioso é termos uma atividade onde nos podemos abstrair do nosso stress e onde podemos exprimir e direcionar as nossas emoções.

Imán Din