Este foi o pilar mais importante que o desporto de alta competição me forneceu. Esforço.

Sempre fui um rapaz de personalidade distinta, alegre e bem disposto. Muito inspirado na filosofia do meu avó materno, o meu "nana", encarei sempre os desafios com um sorriso. Desde os meus 12 anos que o desporto tomou uma parte substancial nas minhas decisões e rotinas diárias. A partir dessa tenra idade, senti que a minha vida se alterou, porque para além de querer ser um estudante exímio e uma pessoa positivista, passei também a querer procurar em mim as minhas melhores qualidades na minha modalidade, futebol, e executá-las em campo, como um grande guarda-redes.

Efetivamente, as qualidades que executamos em campo provêm da nossa habilidade em reter conhecimento e de o aplicar em determinadas situações, consoante os estímulos. Mas, sem margem de dúvida, essa capacidade de adquirir conhecimento é proveniente do esforço.

Este foi o pilar mais importante que o desporto de alta competição me forneceu. Esforço. Com o futebol, apercebi me que não só temos de trabalhar de forma árdua e perseverante, mas também de forma inteligente. Quando falo deste "trabalhar inteligente", refiro me à capacidade de descobrir novas ferramentas que me potenciem o meu trabalho principal, jogar futebol. Exemplificando, temos: o trabalho de ginásio, a nutrição, o trabalho mental, o trabalho tático, entre outros...

No desporto, mais em concreto, na minha modalidade, o futebol, existem quatro fundamentos para o sucesso dentro de campo: a componente tática, a componente técnica, a componente física e a componente psicológica. Estes quatro fundamentos precisam de estar em equilíbrio, caso contrário, acaba por haver uma compensação de um em detrimento de outro. Destas quatro saliento principalmente a componente mental, não por ser a mais importante ou por se tratar de algo que se trabalha de uma forma misteriosa. Falo da componente mental porque muitas vezes é negligenciada. Quantas vezes é que já ouvimos histórias sobre atletas que são muito bons tecnicamente mas que perante situações diárias perdem o seu foco? Muitas vezes... tem que haver a capacidade, por parte do atleta, (que também é pessoa) de se focar no essencial e no que lhe consta: O seu trabalho. Nem sempre conseguimos controlar tudo o que está à nossa volta. A única coisa que nós controlamos é a nossa performance. Se nos focarmos em demasia nos fatores exteriores à nossa performance, não progredimos. Estamos somente a dispersar energia. Esta ideia não só deve estar presente no ambiente social referente ao atleta, mas também ao quotidiano da pessoa que é atleta. Portanto, não só existe um esforço físico e psicológico relativo à execução dos exercícios e treinos, como também é necessário um esforço para fazer esta ginástica mental e procurar novas formas de evoluir fora do "habitat natural", o campo. Sem dúvida alguma que ser atleta me forneceu imensas qualidades e capacidades que me vão ser fundamentais para a vida. Digo "para a vida" porque são efetivamente para a vida.


A capacidade de esforço, o trabalhar de forma inteligente, o não existirem limites, etc... são todas qualidades que adquiri e que tenho a certeza que irei levar para o meu futuro. Ainda que saiba que o futuro é uma incógnita e o passado uma história, apenas me centro no "agora", porque é nesse segmento que tenho controlo. Como o nosso Imam do tempo nos transmitiu, a nossa vida será sempre uma aprendizagem, e nunca existe termino para essa aprendizagem. Portanto, a mim só me compete, enquanto atleta e pessoa, retirar do passado as aprendizagens, aplicá-las no "agora" e esperar aprender ainda mais no futuro.

 

David Aly