No ano em que se comemoram os 25 anos do Centro Ismaili, Lisboa, no próximo dia 11 de julho, Sara Sadrudin, coordenadora das Visitas Guiadas desde 2016, partilha connosco a sua perspetiva sobre o Centro Ismaili e qual a importância deste para a nossa comunidade.

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Enquanto guia do Centro Ismaili, qual foi o momento mais marcante que já viveste?

Foram vários os momentos marcantes, mas pela escala e simbolismo da celebração em si, um dos que mais me marcou foi a semana do Diamond Jubilee, que teve lugar em Julho de 2018: numa semana, cerca de 24.000 pessoas fizeram visitas guiadas ao Centro Ismaili em Lisboa, originárias de várias partes do mundo. Muitas delas nunca tinham estado em Lisboa, ou sequer na Europa.

Apesar do enorme desafio, sentimo-nos gratos por poder receber os membros do Jamat de todo o mundo e de ter a oportunidade de partilhar este momento único com os visitantes e com os fantásticos guias e voluntários de outros Centros Ismaili.

Foi um verdadeiro manifesto do significado de “Um Jamat” e que nos fez sentir que a distância é, de facto, somente uma métrica.

O que é que a tua experiência enquanto coordenadora das visitas guiadas do Centro Ismaili te trouxe?

Não posso desassociar a experiência de ser guia com a experiência de ser coordenadora pois ambas foram-me simultaneamente concedendo oportunidades de aprender e evoluir a nível pessoal e institucional.

Pessoalmente, pude desenvolver valores como a empatia, trabalho em equipa e comunicação, pela relação com diversas pessoas que fizeram e que fazem parte do meu percurso. Trouxe-me a oportunidade de trabalhar com uma equipa de guias extremamente dedicados ao seu papel de embaixadores do Centro Ismaili e da Comunidade, que estimulam continuamente o aprofundar de diversos temas abrangidos pelas visitas guiadas: desde a arquitectura à identidade e história da Comunidade.

Permite-me, a outro nível, estar envolvida no contexto institucional e perceber, de forma mais pragmática, como funcionam as suas dinâmicas.

Talvez ainda mais importante, tenho vindo, nestes anos de serviço, a compreender a importância das instituições para a governança social da comunidade, que se afirmam como veículos por excelência, para que os membros participem ativamente no seu próprio desenvolvimento económico, social e cultural, bem como para contribuírem para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável da sociedade onde se inserem.


Qual a característica arquitetónica do Centro que mais te impressiona?

A forma notável como funde tradição e modernidade: um edifício que, apesar de construído há 25 anos, mantém-se moderno e acompanha as aspirações da Comunidade. Um edifício não termina com a conclusão da sua construção: esse momento assinala o início de um outro capítulo, o de dar espaço à vivência.

O Centro Ismaili, com base nos princípios da ética da nossa fé, foi desenhado com esse propósito: dar espaço ao diálogo e à construção de pontes de diferentes comunidades e culturas, nos quais se promove o diálogo, a procura de conhecimento e onde valores como o pluralismo e a consciência social estão sempre presentes.

Como imaginas o Centro Ismaili Lisboa daqui a 25 anos?

É difícil prever o que será o Centro num futuro tão distante.

O Centro tem elevado o seu papel enquanto edifício embaixatorial, contribuindo para solidificação de relações que se iniciaram antes da sua edificação e potenciando a construção de novas relações. Relações estas não só com Portugal, mas também de forma mais abrangente no contexto lusófono e com o resto do mundo.

Saliento que este Centro Ismaili foi talvez a primeira estrutura física de dimensão assinalável que a Comunidade Ismaili teve em Portugal, sendo marcante para a construção da nossa identidade e na apresentação dos seus valores à sociedade envolvente, assim como no fortalecimento das iniciativas únicas que têm tido lugar no nosso país.

Neste sentido, creio que daqui a 25 anos, o Centro continuará a ser palco de momentos que permitirão celebrar o passado, sublinhar o presente e construir o futuro.

O que o distingue dos outros Centros Ismaili no mundo?

Todos os Centros Ismaili são particulares pois são construídos em contextos temporais, sociais e geográficos específicos. É nessa diversidade que se encontra a singularidade. Este Centro é singular no sentido em que reflete as influências que expressam a identidade e as aspirações da comunidade Ismaili portuguesa.

E perguntam-me: como?

Convido-vos a fazerem uma visita guiada numa viagem de descoberta do Centro Ismaili Lisboa através da sua arquitectura.

Sobre a Sara

Um convite em 2009 para ser professora assistente no Dar-at-Talim, marca o início da prestação de serviço voluntário de Sara Sadrudin. Após dois anos a acompanhar uma turma, é convidada a fazer uma formação de guias do Centro Ismaili.

Como estudante do segundo ano de arquitetura, cresceu na Sara uma vontade de se tornar guia do Centro Ismaili, com o objetivo de explorar mais sobre a concepção e simbolismo do Centro.

O seu envolvimento nas visitas foi crescendo ao longo dos anos e, em 2016, foi-lhe dada a oportunidade de integrar a equipa de coordenação das visitas, algo que tem procurado assumir com toda a dedicação.